segunda-feira, 4 de julho de 2011

A ÚLTIMA LINHA DE DEFESA

Luís Cláudio Chaves
A re­sistência tem sido um traço comum àqueles que se dedicam à prática es­portiva no Ama­zonas e passam a de­fender o nome do es­tado nas mais di­versas modal­i­dades e com­petições. Quase todos os meses surgem notí­cias na im­prensa dando conta da falta de apoio aos nossos atletas, mesmo aos que, apesar dessas di­fi­cul­dades, con­seguem atingir nível na­cional e se colocam em posição de destaque. Nossa Amanda Mar­ques, ran­queada entre as prin­ci­pais me­satenistas do Brasil e in­te­grante da Se­leção Brasileira da modal­i­dade, sem apoio, e com di­fi­cul­dade até para con­seguir treinar na sua própria terra, foi obri­gada a se mudar para o es­tado de São Paulo. Melhor sorte não teve Aílson Herá­clito da Silva, vice-cam­peão mundial de remo que de­fende hoje as cores do Botafogo (RJ). Agora em maio, a del­e­gação que rep­re­sentou o Ama­zonas no 11º Cir­cuito Brasileiro de Tae Kwon Do, na ci­dade de Amer­i­cana (SP), reclamou não ter re­ce­bido nenhum apoio. E fi­nal­mente, nossos cam­peões brasileiros de jiu-jitsu estão igual­mente en­tregues à própria sorte. Con­stituem-se, por­tanto, esses atletas, em ex­em­plos da mais ab­so­luta ausência de política es­portiva no Ama­zonas.


Nosso es­porte sempre viveu do sac­ri­fício e do al­truísmo dos de­sportistas, ver­dadeiros heróis, de­scon­hecidos do grande público, fre­quente­mente con­de­nados à falta de re­con­hec­i­mento e ao esquec­i­mento. Im­pos­sível escrever esse texto sem men­cionar a luta e o amor, do seu Clóvis com o tênis de mesa, do Pro­fessor Valmir, com o han­debol, o Pro­fessor Del­banor, com o bas­quete, Mark Clark, com o vôlei. Como não men­cionar Ger­aldo Tex­eira, re­spon­sável pelo surg­i­mento de tantos tal­entos no atletismo do Ama­zonas? Para essas pes­soas o es­porte foi muito mais que suas vidas; foi sua razão de viver. E ja­mais tiveram as condições mín­imas para o ex­er­cício de tão nobre mister.


Al­guns pode­riam dizer: mas o poder público não tem obri­gação de in­ve­stir no es­porte de alta per­for­mance, esse é o papel da ini­cia­tiva pri­vada; os gov­ernos devem é in­ve­stir no es­porte co­mu­nitário. Mas também não há in­ves­ti­mento nas co­mu­nidades; é só ver­i­ficar a si­tu­ação de aban­dono das quadras polies­portivas nos bairros - quando elas ex­istem, é claro - , dos campos de futebol (idem), dos par­ques, dos cen­tros de lazer, etc. Ve­jamos o ex­emplo dos fi­nal­istas dessa Copa dos Bairros: Praça 14, que nem campo tem, e Pu­raque­quara que ter, tem, mas em es­tado de aban­dono, cheio de pe­dras, sem pro­teção lat­eral al­guma para os jo­gadores, nem para os tel­hados dos viz­inhos.


E jus­ti­ficam essa re­al­i­dade na falta de re­cursos. Mas acabam de gastar, se­gundo especula-se, porque pub­li­cado no diário ofi­cial ainda não vimos, mais de um milhão e oito­centos mil reais para traz­erem al­guns dos vet­er­anos da se­leção que ganhou a Copa de 94, nos EUA, há 17 anos, mais al­guns con­vi­dados. Quanto terá sido o cachê do Túlio Mar­avilha, Ed­mundo, Be­beto, Romário, etc? É certo que os times fi­nal­istas da Copa dos Bairros, mo­tivo ale­gado da festa, gan­haram ab­sur­da­mente menos.


Teve mais, gastou-se um milhão de reais com uma com­petição de­nom­i­nada X-Terra, uma espécie de triátlon pelo meio da flo­resta, que contou com uns 30 par­tic­i­pantes, isso mesmo!!!, 30 par­tic­i­pantes com algum nível, e estou sendo gen­eroso. Isso tudo é nada di­ante do que a Prefeitura gastou para re­alizar na Bola da Suframa um torneio de Beach Soccer, onde os destaques prin­ci­pais foram o co­men­tarista Ed­mundo e o Dep­utado (RJ) Romário, ambos ainda muito jovens, ver­dadeiras
promessas, mas para in­te­grarem a cat­e­goria sub – 50.


Acho que a próxima edição desse torneio vai ser nos Emi­rados Árabes; Coari também é um bom lugar, ou aqui mesmo, de novo. Nós es­tamos po­dendo. É o pro­gresso chegando. É Manaus in­cluída no cir­cuito na­cional e até in­ter­na­cional. E viva a Copa de 2014.
E o futebol local? Tá ex­pli­cado, então morra!!!!. (Luís Cláudio Chaves/Ar­ti­c­ulista)

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